Este artigo apresenta uma explicação sintática puramente gramatical. O conteúdo não favorece nenhuma religião e é uma análise linguística com uma abordagem que defende a mais exata tradução de um texto. Por lecionar Grego Coiné e Grego Clássico apresento aquela que é a mais correta versão da passagem citada para uma língua alvo, no caso o Português.
καὶ ἐπλήσθησαν * πάντες
e eles foram enchidos todos
Πνεύματος Ἁγίου
de espírito santo
* aoristo indicativo passivo na 3ª pessoa do plural de πίμπλημι
“eu encho”, “preencho” “eu completo”.
” de o Espírito Santo”- A Bíblia Literal do Texto Tradicional de 2015
” de o Espírito Santo”- Bíblia de Estudo LTT 2018
“da ruahh HaKodesh”- Novo Testamento Judaico
“de espírito santo”- Tradução do Novo Mundo
“do Espírto Santo” Almeida Atualizada
O que revela uma análise gramatical de Atos 2:4 a respeito da melhor opção de tradução desta porção das Escrituras?
O substantivo pneumatós é anartro, ou seja, não possui artigo definido. O fato de termos um substantivo anartro sugere sem sombra de dúvidas, uma semântica com indicação de algo impessoal. Em grego coiné quando falamos de alguém, não raro usamos antes o artigo definido. ( Mateus 3:13 Τότε παραγίνεται ὁ Ἰησοῦς… Luc. 1:7 ἦν ἡ Ἐλισάβετ στεῖρα) Assim como se dá na língua portuguesa, por exemplo, o José, o Pedro, a Maria. Em Atos 2:4 não se emprega o artigo genitivo que concordaria com o substantivo também no genitivo. Caso tivéssemos o artigo antes de pneumatós, isso indicaria uma pessoa e uma forma articulada. Portanto, se não temos artigo a tradução que melhor se ajustaria seria “de espírito santo” e não “do Espírito Santo”.
A Gramática grega não fornece apoio algum para uma tradução com letras maiúsculas “Espírito Santo”.
Observem o que diz o respeitado Erudito Daniel B. Wallace :
“Em suma, tenho procurado demonstrar neste trabalho que falta a base gramatical para a personalidade do Espírito Santo no NT, mas esta é freqüentemente, se não, geralmente, a primeira linha de defesa de muitos escritores evangélicos. Mas, se a gramática não pode legitimamente ser utilizados para apoiar a personalidade do Espírito, então, talvez, precisamos reexaminar o resto da nossa base para este compromisso teológico. Não estou negando a doutrina da Trindade, é claro, mas eu estou argumentando que precisamos fundamentar nossa opinião sobre uma base mais sólida.”
Bulletin for Biblical Research 13,1 (2003) de Daniel B. Wallace
DALLAS Seminário Teológico